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Restaurante 'Um Novo Recomeço', símbolo de reconstrução de vila arrasada por enchentes no RS, fecha as portas

Estabelecimento era o único da Vila Mariante, retratada em série especial do g1 sobre a retomada da via após a maior tragédia climática do estado. Dados da...

Restaurante 'Um Novo Recomeço', símbolo de reconstrução de vila arrasada por enchentes no RS, fecha as portas
Restaurante 'Um Novo Recomeço', símbolo de reconstrução de vila arrasada por enchentes no RS, fecha as portas (Foto: Reprodução)

Estabelecimento era o único da Vila Mariante, retratada em série especial do g1 sobre a retomada da via após a maior tragédia climática do estado. Dados da Junta Comercial, Industrial e de Serviços mostram que quase 147 mil empresas fecharam em 2024. Falências e pedidos de recuperação judicial sobem. Taís, dona do restaurante Novo Recomeço, em frente à casa temporária em que vive com o filho Arquivo pessoal , ainda de acordo com os números da Junta Comercial gaúcha. O restaurante Um Novo Recomeço, símbolo da tentativa de reconstrução de uma vila bicentenária devastada pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024, fechou as portas. Tivemos que pagar umas outras contas das outras enchentes. O pior nem é isso: devo R$ 30 mil e estou sem um centavo no bolso, conta Taís de Souza, de 34 anos, dona do Novo Recomeço. O Um Novo Recomeço era o único restaurante da Vila Mariante, um distrito de Venâncio Aires, cidade que fica a 130 km de Porto Alegre. A comunidade, que teve toda a infraestrutura destruída e quase todos os imóveis atingidos pelas cheias de 2024, foi retratada em uma série do g1 sobre a maior tragédia climática do Rio Grande do Sul – e sobre a tentativa da população de recomeçar (clique nos links abaixo). A vila gaúcha de 250 anos arrasada pelas enchentes no RS Mariante e o novo recomeço (de novo) Casa pendurada, carcaças de animais, sofá na árvore: Mariante convive com cenário apocalíptico 7 meses após enchente no RS 'Não tem mais futuro em Mariante': após 66 anos, idoso abandona casa em vila atingida pelas enchentes no RS Corpos de vacas que morreram tentando fugir da água em curral seguem intactos 7 meses após enchentes no RS Três enchentes em 1 ano No intervalo de menos de 1 ano, Mariante, que fica às margens do Rio Taquari, foi atingida por três enchentes. Na primeira, em setembro de 2023, o restaurante perdeu parte da estrutura. O prejuízo, na ocasião, foi de R$ 20 mil, segundo Taís. Dois meses depois, em novembro, a perda foi maior: R$ 50 mil. Na de maio de 2024, Taís calcula que perdeu R$ 100 mil. Mesmo assim, foi uma das poucas moradoras de Mariante a tentar voltar para a vila. A gente pensa em voltar a ser como a gente era, diz Taís de Souza, de 34 anos, ao apostar na retomada do distrito. Ver a vila cheia como era antes, ter as pessoas caminhando, ver mais alegria na vila porque está meio morta, sabe?, disse ela em dezembro. As pessoas, entretanto, não voltaram para Mariante – não de um jeito que permitisse à vila manter o restaurante. Taís estima que umas 300 voltaram a morar na vila – eram 1,5 mil em 2022, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Diante da falta de clientes, ela decidiu, em janeiro, acabar com aquele recomeço. Nossa situação piorou bastante [no fim de 2024]. Tivemos que fechar nosso restaurante. Não deu mais, não tinha movimento, lamenta. Recorde de empresas fechadas A realidade de Taís é a de outras centenas de empresas no Rio Grande do Sul. Em 2024, 60 empresas decretaram falência, o maior número desde 2020, segundo a Junta Comercial, Industrial e Serviços do Rio Grande do Sul (Jucis-RS). O número de empresas que pediram recuperação judicial naquele ano (143) cresceu 48% em relação a 2023, quando foram 110. O fechamento de empresas subiu 12%, para 146,8 mil em relação às 130.678 empresas fechadas em 2023 – o número, entretanto, vem em alta desde 2020, quando começou a pandemia do coronavírus. Empreendedora agora busca emprego Além de fechar o restaurante, Taís decidiu deixar a Vila Mariante. Pediu ajuda à Prefeitura de Venâncio Aires e recebeu aluguel social por três meses em uma casa na área urbana do município, a cerca de 30 km do distrito, onde mora com o filho, de 9 anos. A ajuda acaba em março e, segundo a prefeitura, Taís aguarda o fim do processo da Caixa Econômica Federal para receber uma casa do programa Compra Assistida. A empresária, agora, tenta encontrar um emprego para recomeçar a vida. As pessoas lá na vila estão voltando para as casas destruídas porque não têm pra onde ir, diz a moradora da Vila Mariante. Estamos no aluguel social só mais esse mês. É muito desesperador sabe ainda mais tendo filho pequeno. Novo recomeço de Mariante: arrasada pelas enchentes, vila gaúcha tenta se reconstruir Leia também: Casa temporária Foto de novembro de 2024: Casa segue pendurada no meio da vila gaúcha de Mariante meses depois da enchente que atingiu o Rio Grande do Sul. Fabio Tito/g1 Relembre a história de Mariante O g1 esteve em Mariante logo após as enchentes atingirem a região e mostrou os impactos das inundações e o sofrimento das pessoas atingidas pela tragédia (relembre aqui). Sete meses depois, em dezembro de 2024, uma série de reportagens mostrou a realidade da vila, dividida entre a destruição e o desafio de um novo recomeço. Mapa mostra área de risco na Vila Mariante Arte/g1