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Número de pessoas em situação de rua em Porto Alegre cresceu 14% após enchente, diz levantamento

Em abril de 2024, dados indicavam 4,5 mil pessoas cadastradas vivendo na rua, na capital. Números encaminhados pela Secretaria Municipal de Assistência Social...

Número de pessoas em situação de rua em Porto Alegre cresceu 14% após enchente, diz levantamento
Número de pessoas em situação de rua em Porto Alegre cresceu 14% após enchente, diz levantamento (Foto: Reprodução)

Em abril de 2024, dados indicavam 4,5 mil pessoas cadastradas vivendo na rua, na capital. Números encaminhados pela Secretaria Municipal de Assistência Social apontam 5,2 mil pessoas nesta situação. Porto Alegre tem mais de cinco mil pessoas em situação de rua O número de pessoas em situação de rua em Porto Alegre cresceu 14,88% após as enchentes, segundo dados do Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal. Os números foram encaminhados à RBS TV pela Secretaria Municipal de Assistência Social. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp Em abril de 2024, o levantamento indicava 4.549 pessoas cadastradas vivendo na rua. Números de fevereiro de 2025 apontam 5.226 pessoas nesta situação na capital. Nós tínhamos Censos em Porto Alegre para essa população que não é contabilizada pelo IBGE. O ultimo, realizado em 2016, contabilizou 2.115 pessoas em situação de rua. Ou seja, nove anos depois, temos mais que o dobro disso, o que comprova que essa população está aumentando. Mas esse não é um fenômeno exclusivo de Porto Alegre, acontece no brasil e no mundo, explica a médica psiquiatra e professora de Saúde Coletiva da UFRGS Maria Gabriela Godoy. Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social, em média cerca de 400 pessoas em situação de rua estão em acolhimento institucional, e 253 recebem benefícios eventuais do Sistema Único de Assistência Social (Suas), como auxílio-moradia. (Saiba mais abaixo) Atualmente, 5,2 mil pessoas vivem em situação de rua em Porto Alegre Reprodução/RBS TV Relatos Em geral, a população em situação de rua não conseguiu superar alguma dificuldade, um trauma ou acumulou perdas. Carlos dos Santos, de 53 anos, relata que tinha uma empresa com atuação no ramo da construção civil. Tinha várias obras em Porto Alegre, mas deu errado. Os trabalhos que eu tinha, os contratos, não deram certo, minha equipe voltou pra Santa Catarina, relembra. As altas temperaturas registradas na cidade representam mais um obstáculo para quem mora na rua. Uma reclamação é a dificuldade de encontrar um lugar para se refrescar ou tomar um copo d'água. No [Parque] Marinha tinha chuveiro, tiraram o chuveiro. No Gasômetro, da Usina até a Rótula das Cuias são 1,1 mil metros, não tem uma torneira nem pra beber água. E nos banheiros públicos não deixam tomar banho também, conta Roberto Rodrigues. Debaixo do sol escaldante dos últimos dias, Marcos Roberto da Silva Martins carrega as latinhas que recicla para poder ter uma fonte de renda. Dá até sono caminhando na rua, daí eu reciclo aí, vou até o máximo para não sobrecarregar o corpo, pra poder trabalhar mais além, e descanso um pouco em qualquer praça, diz. População em situação de rua em Porto Alegre cresceu 14% em um ano Reprodução/RBS TV Nota da Secretaria Municipal de Assistência Social A equipe técnica da Secretaria Municipal de Assistência Social de Porto Alegre (SMAS) informa que, durante o período de enchentes e calamidade pública, houve um aumento na busca por atualização de dados e novos registros no Sistema do Cadastro Único (CadÚnico). Atualmente, das 5.226 pessoas autodeclaradas em situação de rua no CadÚnico, 4.465 recebem benefícios como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BBC), oferecidos pelo Governo Federal. Em Porto Alegre, são 3.848 pessoas identificadas em situação de rua, que acessaram, em algum momento, ou permanecem em acompanhamento em serviços como os Centros de Referência de Assistência Social (CREAS), Centros Pop e a Rede Socioassistencial. As equipes do Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS) destacam maior presença nas regiões da Floresta, Azenha, Centro Histórico, Norte e Noroeste da cidade. Benefícios Desde o mês de outubro de 2023, 284 pessoas passaram pelo acolhimento em unidades da modalidade Casas de Passagem. Em média, 400 pessoas em situação de rua estão em Acolhimento Institucional, e 253 recebem benefícios eventuais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), como Auxílio Moradia, proteção especial ou alimentação. Porto Alegre conta com 264 vagas em albergues, três Centros POP e seis Restaurantes Populares, que atendem essa população diariamente. Desafios As questões relacionadas à saúde mental e ao uso de substâncias são os principais desafios enfrentados pelas políticas públicas. Para superar essas questões, é necessário intensificar as ações intersetoriais. As equipes técnicas dos nove CREAS e as equipes do serviço especializado de abordagem social seguem realizando acompanhamento e sensibilização, oferecendo apoio e ajudando na construção de planos de vida com o objetivo de superar a situação de risco e vulnerabilidade social. Acessuas Trabalho Até novembro de 2025, a Prefeitura de Porto Alegre busca inserir mais de 800 pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social ao mercado de trabalho, por meio do Acessuas. O serviço é realizado por eixos e grupos de acordo com o perfil de cada território. As ações intersetoriais com Sistema Nacional de Emprego (Sine) e outras políticas públicas para acesso ao mundo do trabalho, saúde e moradia são fundamentais para a situação de rua. Segundo Prefeitura, cerca de 400 pessoas em situação de rua estão em acolhimento institucional Reprodução/RBS TV VÍDEOS: Tudo sobre o RS