Mulheres do movimento hip hop no RS buscam visibilidade: 'Luta constante', diz ativista
Aretha Ramos é coordenadora do Museu da Cultura Hip Hop RS. Espaço inaugura exposição Hip Hop das Manas neste sábado (8), Dia Internacional da Mulher. Aret...

Aretha Ramos é coordenadora do Museu da Cultura Hip Hop RS. Espaço inaugura exposição Hip Hop das Manas neste sábado (8), Dia Internacional da Mulher. Aretha Ramos Leo Zanini Ser mulher na sociedade é um desafio. No movimento hip hop, não é diferente. A coordenadora do Museu da Cultura Hip Hop RS, Aretha Ramos, sabe bem o que ocupar esse cargo significa. Hoje me considero respeitada, depois de 14 anos iniciando em um cenário de batalhas e atuando diretamente com a cultura hip hop, mas é uma luta constante, revela Aretha. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp No Dia Internacional da Mulher, celebrado neste sábado (8), a trajetória da gestora cultural é um lembrete de que resistir é também ocupar, transformar e inspirar. Seu ponto de partida foi um grupo de rap. Desde cedo, ela percebeu que sua presença exigiria mais do que talento: cobraria firmeza. Por vezes a gente se posiciona de uma maneira até masculina para poder se impor, para poder dizer que o que a gente está dizendo deve ser validado. Então, eu me vi, muitas vezes, tendo que trazer uma postura mais firme, mais rígida, mais séria pra ser respeitada, comenta. Aretha Ramos Reprodução/ Redes Sociais Segundo Aretha, em um meio predominantemente masculino e marcado pelo machismo estrutural, são poucas as mulheres em altos cargos no movimento. Ela encara o desafio da inclusão como uma missão. Penso que ainda tem poucas mulheres na mesma batida que eu, de estarem em cargos de liderança, mesmo no movimento hip hop, de trazer o seu ponto de vista e firmar como algo correto, algo valioso, comenta. Para a ativista, a luta é coletiva e precisa incluir o acolhimento entre as próprias mulheres. Aretha explica que, no hip hop, o destaque se volta para as integrantes já com reconhecimento e que poucas portas se abrem para novos talentos femininos. Existem várias outras [mulheres] e elas não são iguais, por isso não devem ser comparadas. Acho que falta acolher mais essas outras mulheres que estão no caminho de evolução e querem ser reconhecidas nesse espaço, explica Aretha. O espaço da mulher negra no hip hop Para a coordenadora do Museu, ser mulher negra dentro do hip hop é tentar construir um espaço mais justo e igualitário, dentro e fora do movimento. É muito significativo para mim, como uma mulher negra, ver essa pauta como um destaque dentro do museu. É assim que a gente vai reforçando o quão importante é essa luta, esse espaço e empoderamento, diz. Aretha Ramos Gabriel Job Questionada pela reportagem sobre quais são suas inspirações na cena hip hop, a diretora citou duas rappers negras com forte legado no RS: Negra Jaque e Carla Zhammp. Carla é uma das pioneiras no movimento artístico no RS. Negra Jaque conquistou um cargo na Secretaria de Cultura do Hip Hop do RS. Essas duas, principalmente, por serem mulheres negras, lideranças, linha de frente de movimentos, justifica. Negra Jaque e Carla Zhammp Jonathan Heckler/ Agencia RBS | Samuel Gambohan/ Divulgação Aretha acredita que, ao trazer mais mulheres para dentro do hip hop, a luta ultrapassa os palcos e microfones. A cultura do hip hop hoje só é um espelho do que a sociedade pratica. Então, é basicamente isso: que a gente possa se unir e construir cada vez mais um futuro justo e igualitário pra nós, conclui. Exposição Hip Hop das Manas Aretha Ramos e equipe do Museu da Cultura Hip Hop RS Reprodução/ Redes Sociais Neste Dia Internacional da Mulher, o Museu da Cultura Hip Hop RS, localizado na Zona Norte de Porto Alegre, inaugura a nova exposição Hip Hop das Manas. O acervo, composto por 120 itens doados por mulheres gaúchas, destaca a trajetória de MCs, DJs, b-girls, produtoras e artistas visuais do estado. A visitação é gratuita e ocorre de terça a sábado (das 9h às 12h e das 14h às 17h), na Rua Parque dos Nativos, 545. [A ideia] surgiu de uma crítica das mulheres de não ver um espaço dedicado a elas dentro do museu. Por mais que diversos espaços, núcleos tenham a história das mulheres junto com outras histórias dentro do museu, não tinha um espaço dedicado às mulheres, o que é importante quando a gente quer quebrar um preconceito, enfatiza. Coordenadores do Museu, Rafa Rafuagi, Aretha Ramos e Rafael Mautone Leo Zanini A exposição quer amplificar vozes femininas que vêm moldando a cultura hip hop no RS. Atualmente, Aretha lidera um time formado em sua maioria por mulheres no Museu. Para ela, o feito é importante e serve como incentivo. Espero que essa exposição inspire outras mulheres, especialmente as jovens, meninas, negras, a acreditarem no seu potencial e a buscarem os seus sonhos, não importam os obstáculos. E que, juntas, podemos construir um futuro mais justo e igualitário dentro e fora do movimento, afirma. VÍDEOS: Tudo sobre o RS